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domingo, 17 de julho de 2011

"O Sétimo Véu" 1945

Insegurança, repressão e amores interrompidos por uma estranha personalidade de mulher estão presentes em THE SEVENTH VEIL. Tudo por que Francesca Cunningham, a personagem de Ann Todd, não consegue se desprender emocionalmente do homem que a fez se tornar a grande pianista que todos passaram a apreciar. O mestre é James Mason, em uma atuação memorável. Ele é um homem que, à primeira vista é incapaz de amar, ignorante, afastado das mulheres por opção, chega a tentar quebrar os dedos de Francesca num gesto de total  egoísmo e brutalidade. A jovem, sem família, se instala em sua casa ainda na adolescência, mas suas tentativas de torná-lo um homem mais dócil não são bem-sucedidas. Ele é distante, frio e ela passa seu tempo sozinha pela enorme casa. A história se parece um pouco com JANE EYRE, pois o personagem de Mason é da mesma persona que o de Orson Welles na produção de 1944: cheio de mistérios, com um passado meio suspeito, além de ambos serem totalmente indelicados com mulheres.
Com direção de Compton Bennett e roteiro original escrito pela dupla Muriel e Sidney Box, THE SEVENTH VEIL conta a história não só de uma grande carreira de musicista construída, como também nos fala sobre uma gama de sentimentos, muitos deles reprimidos pela aluna e pelo professor. A aluna se deixa levar pela imponência de seu mestre(que era acima de tudo seu tutor) e ele passa a vida escondendo-se atrás de uma camada pesada de arrogância, bengala na mão e poder. Normalmente, quando nestes dois casos, as pessoas têm este tipo de comportamento, então deixam de viver. THE SEVENTH VEIL diz, basicamente, que os dois personagens não enxergam a felicidade, pois perderam o sentido de seu significado, através das coisas simples e dos sentimentos que nascem naturalmente. São almas perdidas através da história. O expectador se torna cúmplice da ruína de duas vidas plenas, cheias de significado, porém com a plenitude toda perdida. O expectador mais sensível se compadece, pois se em THE GRAPES OF WRATH( AS VINHAS DA IRA) vemos personagens centrais com tantos motivos de se revoltar para sempre, mas mesmo assim não perdem sua graça e inocência, em THE SEVENTH VEIL tomamos conhecimento do que um ser humano rico em propriedades materiais pode fazer em estupidez para se manter infeliz por uma vida inteira: isso sim dá pena. O brilhantismo da direção e do roteiro impecavelmente escrito nos dá todas estas percepções, juntamente com as atuações convincentes dos potagonistas. Adicionados aos coadjuvantes Hugh McDermott e Albert Lieven, os amores perdidos pela mente sufocada e confusa de Francesca. O final deste filme poderia ser um clichê, mas trabalhado dentro da pscologia, ele surpreende e nos deixa ainda mais intrigados. Assistam a esta obra prima do cinema e depois comentem o que acharam do desfecho. Eu, como ainda me surpreendo com a mente humana fiquei estupefata. 
Depois de viajar pela Europa, estudando piano, sempre ao lado de seu mestre, Francesca retorna diva dos Recitais e lota as casas de Ópera com seu talento(que já era natural) nos teclados. Os magníficos vestidos que ela usa em suas apresentações foram desenhados pela figurinista Dorothy Sinclair e é um show à parte. 
 James Mason e Ann Todd: personagens reprimidos, cada um do seu jeito
Nasce uma estrela...

6 comentários:

Calma disse...

Acabei de assistir no TCM e estou até agora perplexa e encantada com a complexidade...
Para mim, restou claro que Francesca não amou Peter nem Max, simplesmente via neles uma possibilidade de ser livre... Mas no fundo, talvez ela nem quisesse ser livre, só queria ser feliz! E Nicholas lhe negava isso...
Enfim, filme incrível!

Unknown disse...

Oi, Ana!!!
Gostaria de te agradecer: pensei que este filme jamais levaria um comentário...rsrsrs!

Este é um dos filmes mais sensíveis que já vi. Que obra de arte, não? Uma maravilha perfeita!
Um abraço
Dani

Calma disse...

De fato, este filme é uma obra de arte, eu concordo com você!
Inclusive me inspirou a escrever sobre ele também... Fiz um post no meu blog (memoriasparaminhafilha.blogspot.com), e citei uma frase sua... Dei os devidos créditos a você e ao seu blog, espero que não se importe!

Escola Lions disse...

Assisti ontem no canal TCM e gostei bastante do filme... um final inusitado!!!

Unknown disse...

Claro que não, Ana! Obrigada pela citação e que bom que o filme te inspirou a escrever sobre ele também.
Olá, Escola Lions! Parece que só eu perdi a reprise deste filme. Caramba...Gostaria muito revê-lo!
Um abraço
Dani

Priscila Castro disse...

Assisti hoje no TCM a esse filme e o achei fantástico. Para mim, a personagem Francesca sempre foi apaixonada, talvez pelo mistério que o envolvia, pelo tutor mas, como também sentia medo daquele homem repressor, o amor era empurrado para o fundo do coração e escondido pela sua mente. Por isso o médico disse ao final do filme que a Francesca que todos conheciam havia mudado, as nuvens haviam sido afastadas de sua mente e tudo estava mais claro para a jovem. O tutor, Nicholas a amava mas era egoíta, egocêntrico e tinha medo de amar e ser abandonado como a mãe fez com seu pai. No final, ele achando que a tinha perdido de vez, pois o medo que ele impunha nela era o que a mantinha sempre por perto, teve a grata surpresa de saber que ela, após clarear sua mente e superar todos os medos, aparentente, resolveu viver o amor por seu primo distante.