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sábado, 6 de novembro de 2010

Jean Harlow e a cena final de "Reckless", 1935

Reckless, um musical produzido por David Selznick e dirigido por Victor Flemming( a dupla de ...E O Vento Levou) foi uma surpresa para mim, ao ver Jean Harlow como a boa moça. Lançado em 1935 pela MGM, traz um Mickey Rooney ainda criança, em uma única cena.
Mas voltando à Harlow, que surgiu como a vamp que sacaneava tanto os caras que deixava, a ponto de quererem estrangulá-la, estrela esta produção em que não dança, mas flutua, saltita para lá e para cá, especialmente na cena em que participa de uma festa na casa do marido, um playboy milionário Bob Harrison, vivido por Franchot Tone.
A personagem de Harlow se chama Mona Leslie, uma dançarina da Broadway delicada e querida por todos, principalmente pelos seus dois admiradores - Ned(William Powell) e Bob(F.Tone). O personagem de Powell é o agente de Mona, e a corteja. Até o playboy Bob entrar em cena. Mona se apaixona por ele e os dois se casam. Daí em diante o filme passa de musical a drama. Harlow é humilhada pelo pai de Bob, que não aceita a união do filho com uma dançarina da Broadway e ao invés disso preferia que ele se casasse com Jo(Rosalind Russel).
O casal vai viver na mansão da família de Bob e as coisas se complicam até ele se embebedar na festa de casamento de Jo e maltratar Mona, já na presença de Ned. Completamente Bêbado, infeliz com o casamento de sua antiga namorada, Bob se mata com um tiro em seu quarto. Incriminada pela imprensa como autora do crime, Mona recusa o dinheiro oferecido pelo pai de Bob. Outra cena ótima de Jean. A ex-atriz, agora com um filho, decide criar o menino longe da família do ex-marido e começa uma luta para voltar com sua carreira. Desprezada pelos produtores ela decide aceitar a ajuda de ned, ainda apaixonado, e assim ele monta um show para ela.
A cena final é o ponto forte do filme. Harlow sozinha no palco canta para uma audiência que começa a vaiá-la e jogar coisas sobre ela. A atuação de Jean é tão cheia de emoção quando sua personagem, chorando tenta em vão terminar seu número. É angustiante vê-la tentar cantar debaixo de vaias e palmas maldosas. Ela então pára quando uma mulher levanta da cadeira e a chama de assassina. "Como vocês ousam? Eu não o matei e não aceitei um centavo, se é isso que vocês querem saber. Eu o amei. Tentei dar a ele uma vida feliz mas não consegui. Sua infelicidade era muito grande. Agora, se esta for a última música que cantarei para vocês, me deixem ao menos terminar". Reckless pode não ser grande como musical, mas como drama é estupendo e mostra ao público uma Jean Harlow diferente de Hell's Angels ou Mares da China. Então Mona, ferida pela reação do público, tem seus olhos cheios de lágrimas. Ela termina a canção e é ovacionada pela platéia. Ao retornar canta Reckless encostada na lateral do palco. Um William Powell escondido atrás da enorme pilastra, se declara a ela entre suas falas e ela segura sua mão. O discurso da atriz para a platéia, os olhos marejados, sua figura sozinha no palco imenso seria capaz de emocionar até os anti-Harlow. Magnífico! Prova de que as Bombshells podem surpreender mais do que o esperado.

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