Todos os textos contidos neste blog são de propriedade intelectual da autora. Proibida reprodução total ou parcial sem autorização.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Garbo na China em "O Véu Pintado"

Garbo. Este é o primeiro nome que aparece nos créditos iniciais de O VÉU PINTADO(THE PAINTED VEIL), produção de Hunt Stromberg, lançado em 1934. Naquela época, a popularidade da atriz era tão grande que enquanto o expectador acompanha na tela o título do filme, elenco, ficha técnica, produção e direção, o nome GARBO continua ao fundo, até o final, como se fosse uma das telas de pintura dos filmes da Metro daquela época: o que normalmente eram desenhos feitos pelo departamento de arte do estúdio para acompanhar os créditos dos filmes, em O VÉU PINTADO é apenas Garbo em letras garrafais.
Mas apesar da grandeza da estrela sueca e seu poder junto ao público nas bilheterias, este filme dirigido por Richard Boleslawski não foi muito bem recebido e até hoje a crítica o rejeita, comparando-o com seus verdadeiros sucessos. A história original é do aclamado escritor, autor de obras como The Razor's Edge e Of Human Bondage, W. Somerset Maugham, adaptado para o cinema por Salka Viertel, Edith Fitzgerald e  John Meehan. 

Walter Fane(Herbert Marchall) se casa com a austríaca Katrin(Greta). Médico dedicado, acostumado a viajar o mundo em meio a novas pesquisas, ele a convida a acompanhá-lo para uma viagem à China. Ela, excitada com a possibilidade de conhecer lugares em que jamais esteve, aceita o casamento e a viagem. O VÉU PINTADO se parece muito com Madame Bovary. A mulher inexperiente no amor e na vida, que aceita se casar com o primeiro pretendente, pensando que vai viver um conto de fadas, mas acaba se entediando diante da decepção. Por consequência, a traição passa a se tornar uma fuga. Ambos sofrem e o casamento logo se desmorona, deixando a ruína nas vidas de ambos.
Com excessão de que a personagem de Maugham não tem mania de grandeza e além disso se arrepende da traição e resolve acompanhar o marido durante a epidemia de Cólera, há bastante semelhança com a obra de Flaubert. Até o sofrimento e melancolia do Dr. Fane  quando a esposa se recolhe em seu quarto, sem querer vê-lo, num misto de culpa e rejeição lembra a consternação do Dr. Charles Bovary.
Confesso que ainda não assisti a versão mais atual, com Naomi Watts no papel de Katrin, mas já li várias críticas favoráveis, dizendo que é a obra cinematográfica que mais perto chegou do livro. Também vale lembrar que os críticos compararam as duas versões e juram de pés juntos que o primeiro filme é de longe o mais fraco.
Para os fãs da "Divina" vale à pena vê-la ao lado de Herbert Marshall e George Brent(o amante na história). Existem sempre momentos marcantes em filmes de Greta Garbo, por mais que este não seja um RAINHA CRISTINA ou A DAMA DAS CAMÉLIAS.
O VÉU PINTADO é exótico e se Garbo já era exótica por si só, vê-la numa comunidade chinesa é no mínimo três vezes mais. Especial e mágico é o momento em que ela enrola um pano branco na cabeça, transformando-o num turbante, emuldurando seu belo rosto e deixando-o ainda mais destacado. A cena que sua personagem está com o amante no Festival Chinês é um dos pontos altos do filme. Emocionante vê-la arrependida, vestida com um hábito, voluntariando com as outras enfermeiras e se deixando descobrir pelo marido, já com as esperanças perdidas.
O início do filme, onde Katrin diz: "Um homem ser só bom não é muito excitante"
Garbo e George Brent

Garbo e Herbert Marshall
GARBO AINDA DITA MODA

Greta Garbo foi assunto de uma matéria da Vogue Brasil de julho. Aquela famosa edição que levou às bancas quatro capas com a übermodel Gisele Bundchen. O artigo de uma página fala sobre a tendência do próximo verão - as orquídeas, que já circularam nas passarelas. A inspiração veio da criação do estilista Adrian, que inseriu as exóticas flores nos vestidos de Greta Garbo para o filme WILD ORCHIIDS(ORQUÍDEAS SELVAGENS), de 1929. As orquídeas estiveram em alta no inverno europeu, pelas mãos de Riccardo Tisci, da Givenchy e pelo visto vão reinar também no verão, em lindas estampas em seda da Louis Vouitton e também em belíssimos acessórios. O inverno 2012 da Givenchy promete, com Garbo repaginada e dignamente homenageada.
Por que moda também é arte!

Dois momentos de Garbo em Wild Orchids(1929)





Garbo inspira:
Givenchy, 2012

Iódice para SPFW: Verão 2012

9 comentários:

Ricardo Leitner disse...

Sou nao só apaixonado pela obra de Maugham como também, em especial, por The painted veil. Nunca tive a oportunidade de ver o filme... voce o tem em DVD? E sim, como o conseguiu... Eu fiz uma postagem sobre a nova versao deste filme - voce leu? Adoraria ver Garbo nele... apesar de achá-la completamente errada para o papel...

disse...

Adoro Greta Garbo! O filme acaba sendo mais lembrado pelo beijo dela na irmã recém-casada, uma rara liberdade para a época, bem no ano do início da validade do Código Hayes.
Preciso providenciar roupas com orquídeas! :)
Beijos, Lê

ANTONIO NAHUD disse...

Sou fã do Maugham. É um dos escritores que leio com o maior prazer. E o filme é bom, a Garbo tá bacana... Só o George Brent é que não me convence.

O Falcão Maltês

Unknown disse...

Olá,
gente!
Ricardo, eu não tenho o filme com Garbo. Vi, pois já passou no TCM umas duas vezes. Resolvi escrever sobre ele. Se vc tem TCM, fique ligado na programação que é capaz de repetir, ok? Vou ler seu texto. Preciso ver esta versão, que está disponível por um preço baixinho nas Americanas. Amo Garbo e sim, Lê, o beijo que ela dá na irmã é memorável para a época. Um ano antes, em Rainha Cristina, sua personagem deu um beijo na criada Ebba, lembram?
Antonio, Maugnham é um dos meus favoritos também. Ele é um dos maiores gênios da Literatura do século 20, na minha opinião. Consegui Servidão Humana num sebo aqui no bairro por apenas 5 reais, acredita? Estou devorando-o.
Um abraço a todos!
Dani

linezinha disse...

Dani eu vi passar no TCM mas não tive a oportunidade de assistir,vi a versão recente com a Naomi Watts e gostei e nunca li as obras de Maugnham vou procurar conhece-lo. Abraços

Unknown disse...

O problema é que estes filmes dos anos 30 e 40 estão passando nos piores horários no TCM: de tardinha e de madrugada. Não tem como eu assistir. Antes de conseguir o emprego que tenho hoje(sou professora) eu vi à tarde. Mas da última vez passou de madrugada. Como alguém que trabalha vai ver estes filmes? O TCM está vascilando muito.
Abraço
Dani

linezinha disse...

Dani é verdade a TCM ta errando muito nos horários dos seus filmes e ainda por cima a programação já ta quase toda dublada apesar de ser as dublagens clássicas cansa só ver dublado,essa semana mesmo passou Charity,meu amor e foi sofrível ver dublado. Abraços

Rubi disse...

Ah ... Greta Garbo; que interessante saber que mesmo depois de tanto tempo, de tantos anos ela ainda continua 'viva' na memória das pessoas. Foi uma homenagem e tanto a talentosíssima Greta Garbo.

Anônimo disse...

Eu baixei o filme no site teladecinema.net